"De sabor acre e doce ao mesmo tempo. Diz-se do azedume que se reveste da aparência de doçura."
terça-feira, 19 de julho de 2011
Uma Viagem por Auschwitz-Birkenau
Auschwitz está lá para ninguém esquecer...
É surpreendente saber que as ruínas dos Campos de Extermínio de Auschwitz-Birkenau, no interior da Polônia, sejam considerados desde 2002 pela UNESCO como Patrimônios da Humanidade. Porém, o que a princípio pode até parecer ofensivo a todas as vítimas do Holocausto, adquire sentido após uma visita.
Monumento às vítimas do Holocausto em Auschwitz-Birkenau
É simplesmente impossível esquecer do que é visto e sentido em Auschwitz, e mais de 65 anos depois de descoberta a amplitude da tragédia que se abateu sobre os judeus, ciganos e outras minorias nos países ocupados pela Alemanha Nazista, uma visita a este que é um dos lugares mais pavorosos do planeta nos lembra do estrago que pode ser feito pela intolerância, alimentada por políticos mal-intencionados, aproveitando-se de uma situação econômica e social caótica.
Dormitórios dos Campos. Condições sub-humanas
Localizado a aproximadamente 60 km da cidade de Cracóvia (Kraków), segunda maior da Polônia, estima-se que mais de um milhão de Judeus, Ciganos e membros de outras minorias tenham sido exterminadas nos campos de Auschwitz entre 1940 e 1945, quando foram ocupados pelo Exército Soviético.
Localização dos campo de extermínio nazistas em território polonês
Auschwitz I - Campo original usado como centro administrativo do complexo, além de aprisionar intelectuais e membros da resistência polonesa, bem como prisioneiros de guerra soviéticos. Neste campo morreram perto de 70.000 pessoas.
Auschwitz II - Campo para onde eram levados os judeus, ciganos, homossexuais, no que era chamado pelos nazistas de "Solução Final". Era neste campo que estavam as Câmaras de Gás, e Joseph Mengele escolhia suas "cobaias", para mostrar que em Auschwitz, a morte nem sempre era a pior alternativa. Foi aqui que mais de um milhão de judeus foram exterminados.
Auschwitz III - Campo de trabalhos forçados nas fábricas da indústria bélica alemã.
O que mais impressiona são os requintes de ironia e premeditação mórbida encontrados numa visita ao que é considerado o mais tétrico de todos os museus do planeta. O maior exemplo é a inscrição no portão de entrada de Auschwitz I, "Arbeit Macht Frei", cuja tradução é "O trabalho liberta".
"Arbeit Macht Frei" (O trabalho liberta)
Mais uma pitada de ironia: Os prisioneiros saíam toda manhã para os trabalhos forçados ao som de uma orquestra formada pelos próprios colegas.
Fique agora com as fortes imagens do que restou do Complexo de Auschwitz-Birkenau, onde os prisioneiros chegavam em vagões superlotados, e eram conduzidos para salas de banho que na verdade eram Câmaras de Gás, numa operação logística friamente calculada e controlada.
Maquete da estrutura de Câmaras de Gás e Crematórios no Museu de Auschwitz
Os prisioneiros, que não sabiam que seriam executados, eram orientados a despir-se e deixar seus pertences em uma sala, onde eram fornecidas senhas das quais deveriam se lembrar para recuperar os objetos. O pretexto era de que iriam para uma área de duchas e desinfecção. Na verdade, eram trancados em salas e mortos com o gás ZyKlon B.
Cercas eletrificadas ao redor dos campos
A desnutrição era tal que os prisioneiros sequer tinham forças para tentativas de fuga
Entre 1940 e 1945 poucos que passaram por estes portões sobreviveram
Vagão que trazia prisioneiros diretamente para Auschwitz,
ponto final do ramal ferroviário que nenhum passageiro gostaria de ter utilizado
Muitos visitantes deixam suas homenagens em diversos locais do campo
No museu, são mostrados os pertences dos prisioneiros executados no campo, que eram separados e catalogados metodicamente pelos nazistas. Ver todos aqueles objetos que fizeram parte da vida de pessoas que chegaram a Auschwitz talvez seja um dos momentos mais apavorantes da visita.
Malas
Sapatos
Próteses e Muletas
Canecas e Vasilhas
Óculos
Auschwitz está lá para incomodar, para servir como um "Monumento à Estupidez Humana"
"Que este lugar seja para sempre um grito desesperado para a humanidade, onde nazistas assassinaram entre um milhão e um milhão e meio de homens, mulheres e crianças, principalmente judeus, de vários países da Europa"
Auschwitz-Birkenau
1940-1945
Fonte: http://www.ushmm.org/
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